Escrever uma história é uma maneira de entender o sentido de sua vida tentando dar forma e significado a ela. Colocar a caneta no papel, transformar pensamentos impalpáveis em palavras legíveis, nos permite tanto perceber nosso mundo corajosamente quanto dar forma ao nosso lugar naquele mundo. Às vezes escrevo na minha tentativa de dar sentido à minha própria vida.
Quando posso, escrevo sobre minha mãe, motivo de minha origem. Lembro bem dela. Cada canto de seu rosto amado. Agora me vem à mente a imagem dela. Eu me sentava a seu lado ou a seus pés, enquanto ela me contava sua infância, adolescência, juventude, casamento, sua vida com suas irmãs, minhas tias.
Eu ouvia com todo meu ser, com medo de perder alguma parte...
Agora lembro mais...Devo estar com sete anos, aproximadamente. Estou sentado nos quadris de minha mãe, os braços enroscados em seu pescoço e os braços dela envolvendo minha cintura, me segurando bem apertado.
Nossos rostos se tocam, as bochechas pressionadas uma na outra. De vez em quando, minha mãe tem que me ajeitar para impedir que eu escorregue e caia no chão. Nossos rostos estão bem colados. Posso sentir o calor, pele contra pele, uma sensação de formigamento. Ela está cantando para mim...Devo ter ouvido as palavras da canção, mas, por mais que eu tente, elas me fogem agora...
Sinto o som de sua canção. Sinto minha mãe. Posso sentir o seu cheiro. Ela é minha nesse instante. Por um curtíssimo instante. Minha!
Estou muito feliz! É um daqueles momentos especiais na sua vida, em que você compreende a realidade sem saber ou entender coisa alguma.Quero ficar naquele lugar...
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